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História do Venture Debt

E a importância da dívida

 

Dívida, palavrão para muita gente, permite às empresas obterem recursos financeiros no presente, em troca de uma obrigação futura de devolução dos recursos acrescidos de um custo, que é a remuneração de quem está emprestando o dinheiro. Desde os primórdios do comércio, a simples possibilidade de se realizar esta troca tem sido fundamental para o desenvolvimento das empresas. Ao longo dos séculos, o crédito evoluiu, financiando desde as primeiras fábricas de automóveis até pesquisas em semicondutores. Hoje, o crédito é utilizado frequentemente por quase todas as empresas.


Apesar de seu papel de destaque, a dívida conta com um parceiro importantíssimo. Figura carimbada no ecossistema de inovação sob a forma do Venture Capital, o equity permite que as empresas captem recursos financeiros através de venda de participação acionária. Embora diminua a fatia dos sócios nas empresas, o equity geralmente não exige a devolução dos recursos tomados na forma de fluxo de caixa. Por conta disso, ele é extremamente valioso para financiar projetos mais arriscados, como empresas em estágio inicial, que ainda possuem alto risco e incerteza sobre a geração de caixa e rentabilidade futura.


A dívida e equity são as duas grandes maneiras pelas quais uma empresa pode ser financiada. A razão em que as duas são utilizadas por cada empresa define sua estrutura de capital. Ter uma parcela adequada de dívida permite à empresa aproveitar o benefício do custo mais baixo do capital de terceiros (sobretudo no contexto de empresas de crescimento), enquanto o equity oferece estabilidade e flexibilidade financeira. Uma estrutura de capital equilibrada ajuda a empresa a gerenciar seus riscos financeiros, reduzir o custo de capital e otimizar o retorno para os acionistas, sejam fundadores ou investidores.


Dessa forma, é de se imaginar que ter uma estrutura de capital equilibrada é algo tratado com prioridade por CEOs, CFOs e investidores de topo tipo de empresa, certo? Curiosamente, essa não é a realidade no universo das startups. Por enfrentarem dificuldades de acesso ao crédito devido à falta de histórico financeiro e garantias tradicionais, as startups frequentemente dependiam somente do equity para captação de recursos. Apesar da importância do equity, essa dependência tende a aumentar a diluição acionária dos sócios e o custo de capital, especialmente em casos de sucesso (tema dos próximos capítulos).


Como o surgiu o Venture Debt?

A origem


O Venture Debt surge com o objetivo de permitir com que as startups tenham acesso às operações de dívidas relevantes para financiar suas operações, de forma complementar ao equity, diminuindo a sua diluição. Com entendimento profundo das características das startups, e utilizando-se de garantias personalizadas, provedores de Venture Debt conseguem estruturar operações que credores tradicionais não são capazes, e que se adequam à realidade de negócios recentes, inovadores e de alto crescimento.


O produto começou a decolar a partir de 1980, quando o Silicon Valley Bank (SVB), outros bancos e boutiques entraram em cena e expandiram o modelo do que era chamado de “Venture Leasing”, empréstimos para startups que, embora geralmente queimadoras de caixa, tinham uma grande quantidade de equipamentos de TI, e eram apoiadas por investidores de Venture Capital. Normalmente, os empréstimos eram garantidos por ativos físicos, como os equipamentos específicos que estavam sendo financiados.


Evolução do modelo de Venture Leasing


Passando para o boom das empresas “ponto com” em meados dos anos 1990, o modelo de Venture Leasing começa a dar origem a um modelo de dívida mais flexível e sofisticado, que não necessariamente demanda ativos físicos como colateral. Os empréstimos passaram a considerar cada vez mais o valor da empresa como um todo, e a serem garantidos por uma variedade de ativos da startup e não apenas seus equipamentos de TI, característica central do que conhecemos hoje como Venture Debt. Uma das principais razões para essa mudança foi o surgimento de provedores de serviços de aplicativos, e mais tarde SaaS e computação em nuvem, que mudaram dramaticamente a equação de custos para a operação de software, tornando também suas receitas e modelos de negócios mais previsíveis.


Assim como para todo o ecossistema, o estouro da “bolha” das “ponto com” foi um período difícil para o Venture Debt, que ainda não tinha enfrentado um evento de tal magnitude, e com impacto tão amplo. O mercado enfrenta um declínio, com muitos provedores abandonando o mercado ou adotando uma abordagem mais conservadora. Os anos que se seguiram foram marcados pela popularização do modelo no ecossistema de inovação norte americano, e palco para o surgimento do que hoje são as maiores firmas especializadas em Venture Debt, como Triple Point, Hercules Capital, WTI e Horizon Technology Finance.


Consolidação


Próximo ao auge da “bolha”, em 2000, os investimentos em capital de risco totalizaram aproximadamente US$ 105 bilhões, com cerca de US$ 4,8 bilhões (5% do mercado) representando o montante de financiamento por Venture Debt. Apenas 7 anos depois, a participação relativa do Venture Debt havia praticamente dobrado, para 10%. A tendência de crescimento se manteve para a década seguinte, em que algumas das empresas de tecnologia mais relevantes da atualidade fizeram captações de Venture Debt para acelerar o crescimento, como Facebook, Uber, Spotify e Slack. Hoje este numero está em 17%, veja o Texto 1 do nosso blog


Atualmente, o Venture Debt é amplamente reconhecido como uma ferramenta importantíssima para startups e empresas de tecnologia, com mais de 6,0 mil operações entre 2021 e 2023, apenas nos EUA.



Brasil


No Brasil, o produto ainda é relativamente novo, tendo pouco mais de 5 anos de estrada, mas tem ganhado popularidade com a maturação do ecossistema. Seu ponto de início foi a captação do fundo Brasil Venture Debt em 2018, administrado em conjunto pela gestora SP Ventures e lideranças da Namari, que marcou a primeira iniciativa exclusiva de Venture Debt em solo nacional. Foram captados cerca de R$ 140 milhões, junto a alguns investidores, entre eles o BNDES. Em 2022, a fim de dar continuidade ao projeto, a Namari Capital captou R$ 200 milhões dedicados exclusivamente para startups em fase de scale-up e growth.

 
 

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